– Olá! Cumpadre, você tá bem?
– Se melhorá, estraga!
– Ué, por que todo esse contentamento?
– Agora tô vivendo um outro momento! Estou aprendendo a me amar de verdade.
– Ué, onde você aprendeu isso?
– Eu li um livro que fala que se você não se ama, não consegue amar a mais ninguém.
– Cumpadre, diga-me uma coisa: você é o que gostaria de ser? Ou seja, não tem nada mais para mudar em você?
– Bem... eu tenho cá umas coisas que eu não gosto e sei que preciso mudar.
– Então você não pode se amar. Se você se ama assim mesmo está anulando a própria evolução. Olha, cumpadre, o hipócrita é o que mais ama a si mesmo, e sabe porque? É que ele não enxerga os próprios defeitos; isso se chama egoísmo.
– Não entendi... Por que egoísmo?
– Cumpadre, quando você ama a si mesmo sem estribeiras, automaticamente deixa de amar o próximo.
– Ainda não entendi...
– Se você se aceita como é e não luta para melhorar, o teu comportamento vai causar desconforto para quem convive com você. Isso é falta de caridade, e onde não há caridade prevalece o egoísmo.
– É mesmo, minha mulher reclama que eu sou teimoso e que não dou ouvidos ao que ela fala.
– Tá vendo! Como você pode amar a si mesmo sendo desse jeito?
– É mesmo... mas por que Jesus afirmou: "Ame ao teu próximo como a ti mesmo."
– Naquela época os homens eram quase todos egoístas, o amor a si mesmo era prática comum, por isso Jesus usou esse termo, porém, mais adiante, para os amadurecidos espiritualmente, ele afirmou: "Renuncie a si mesmo e siga-me.", hoje sabemos através do Espiritismo, que renunciar a si mesmo é o grande passo da nossa evolução, e só conseguiremos desenvolver o amor por nós quando passamos a amar o nosso próximo. A frase correta seria: quem não consegue amar ao próximo; jamais conseguirá amar a si mesmo.
– Cumpadre, você é fogo! Mas... sou obrigado a reconhecer que você está certo. Pela manhã, eu vinha conversando comigo mesmo sobre me amar, já estava até gostando de mim do jeito que eu sou, mas agora tenho que admitir, se eu não corrigir minha rabugice quem vai sofrer é a minha mulher. Mas, se eu mudar, vou demonstrar que a amo e estarei contribuindo para a sua felicidade.
– Tá vendo, cumpadre? Essa tar de psicologia moderna é adaptada para o "Bom Viver" e não para o Viver Bem!
– É, cumpadre, temos que raciocinar sobre o que estamos lendo; as palavras bonitas podem estar escondendo coisa feia.
– Cada qual escreve o que consegue enxergar e outros escrevem apenas o que interessa para eles. Nem sempre o que enxergam é a realidade; e o que lhes interessa, nem sempre é bom para o leitor.
– Eu vi na televisão um editor falá que o livro é uma opção de lazer, você concorda?
– É, cumpadre, existem livros que nem como lazer deveriam ser oferecidos, ou até mesmo divulgados. Mas o poder econômico acaba impondo seus produtos com belas capas e temas que atraem o leitor pelas emoções e não pela razão. Com isso, acabam se impondo através de uma propaganda sedutora e muito bem elaborada.
– Quem me indicou esse livro foi dona Marieta, fiquei animado quando ela afirmou: "Cumpadre, agora eu sou feliz! Estou aprendendo a me amar, até agora eu só vivia ajudando os outros, agora estou cuidando de mim, estou construindo a auto-estima".
– É, cumpadre, ajudar a si mesmo é renovar-se desenvolvendo a caridade em nossos corações.
– Tô com você, cumpadre! Obrigado, tô indo. Tchau.
– Tchau, cumpadre, dê um beijo na patroa.